Nunca Mais

"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta! Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais, A este luto e este degredo, a esta noite e este segredo, A esta casa de ância e medo, dize a esta alma a quem atrais Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais! Disse o corvo, "Nunca mais".

Wednesday, December 13, 2006

Corvo Bicho papão

Quando eu era pequeno nunca tive medo do bicho papão, achava meio banal a ideia que ele comia criancinhas ( sem pedofilia ¬¬ ), ate que em um maldito dia assisti um episodio dos caça fantasmas e tive o desprazer de ver o episodio do bicho papão, ver aquela criatura cabecuda, de dentes enormes me deixou aterrorizado e traumatizado, e quem diria um desenho me convenceu q ele existia

sera que alguem ainda olha debaixo da cama?

COITADO DO BICHO PAPÃO E USADO PARA EDUCAR CRIANCAS
BICHO-PAPÃO - diz-se ser uma espécie de home-bicho que amedronta as criança pois pode aparecer para comê-la se a criança não se alimentar direito ou não obedecer aos pais. História mitológica muito usada pelos pais para dominar as crianças.



CRENÇAS - BICHO PAPÃO

A crença na existência de um bicho papão, também conhecido em alguns lugares como cabra cabriola, criatura que ataca as crianças travessas, já era conhecida na Europa da Idade Média, existindo registros sobre ela na Espanha e Portugal daquele tempo. Essa narrativa chegou ao Brasil em meados do período colonial e foi sendo divulgada pouco a pouco nas cidades, até tornar-se amplamente conhecida. Em Pernambuco, no final do século 19 e princípio do século 20, corria a versão que o descrevia como um espírito maligno que tomava a forma de cabra e atacava as mães enquanto elas estavam amamentando os filhos, bebia seu leite diretamente nos seios e depois devorava os bebês.

Naquele tempo a lenda do bicho papão, ou cabra cabriola, amedrontava qualquer menino ou menina que ouvisse falar dela. Os relatos diziam que era uma figura assustadora, metade cabra, metade monstro, e que aparecia soltando fogo e soprando fumaça pelos olhos, pelo nariz e pela boca, sempre pronta a atacar qualquer cidadão desprevenido que andasse pelas ruas desertas durante as noites de sexta-feira. Para piorar as coisas, as pessoas mais crédulas também garantiam que a tal criatura penetrava nas casas através dos telhados, portas e janelas, em busca das crianças que fossem indisciplinadas, travessas ou se comportassem de forma mal-educada, e que quando delas se aproximava cantava mais ou menos o seguinte:

“Eu sou a Cabra Cabriola / que como meninos aos pares. / Também comerei a vós / uns carochinhos de nada”.

Com essa fábula assustadora as mães conseguiam manter as crianças ao alcance de suas vistas, principalmente quando algum barulho era ouvido perto da casa onde moravam, porque isso tanto podia ser algum animal doméstico que estivesse pelas vizinhanças como a cabra cabriola de corpo inteiro, e portanto não convinha correr nenhum risco. E foi assim que se criou a lenda de que em casa dos meninos que não molhavam a cama durante a noite, que eram obedientes e bons para com as mães, que durante o dia corriam e brincavam sem provocar turbulência ou inquietação, o bicho papão passava ao largo e não se preocupava com eles. E para reforçar essa narração ainda diziam que o choro noturno de qualquer criança era sinal de que a cabra cabriola estava devorando algum malcriado, e o melhor que se podia fazer nessas horas era rezar um Padre Nosso e fazer o sinal da cruz.

Em “Lendas e superstições - Contos Populares Brasileiros”, o escritor paraibano Ademar Vidal, discorrendo sobre o mito, diz o seguinte: “Entre os mitos populares pode ser destacado o bicho papão. Aliás, o seu prestígio se restringe às rodas burguesas da sociedade. O menino filho de pais abastados ou não, aqueles remediados (o bruxo não é muito relacionado aos meios pobres, aqueles que vivem retraídos pela miséria), sentem a influência do bicho papão através do pessoal de casa. É sempre à hora de dormir que a sua presença se torna indispensável. Invoca-se o duende que alguns não sabem que forma venha a ter. Coisa imprecisa. Porém, um detalhe não se modificou até agora: ele vem no momento crítico com o fim de impor a sua autoridade. Vem de ponto feito. Assim é que alguém está pondo a criança na cama, esta não quer dormir, deseja brincar mais um pouco e, então, faz-se a invocação terrível”.

E finaliza afirmando: “Propalam também que "papão" tem outra procedência muito diferente. O próprio nome indica: é bicho que come por demais. E tanto come como bebe. Ao penetrar nas casas, antes de ir aos quartos fiscalizar a criançada, passa pela copa, abre os armários e procura, sequioso, alguma coisa para saciar a fome, limpando os pratos que encontra e secando as jarras. E, por cima de tudo, carregando nos bolsos do roupão garrafas de vinho verde para os almoços largos que costuma fazer. Não achando essas facilidades, então fica irado, prevenido com o menino, e, tendo de levá-lo para as suas operações benéficas, talvez não seja muito delicado nos modos. Se estiver, porém, com a pança cheia, aí se torna calmo e carinhoso, não consente nos sofrimentos prolongados. Bicho papão tem suas complicações. É tal e qual como os demais bruxos”.
FERNANDO KITZINGER DANNEMANN
Publicado no Recanto das Letras em 26/06/2006
Código do texto: T182760

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