Nunca Mais

"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta! Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais, A este luto e este degredo, a esta noite e este segredo, A esta casa de ância e medo, dize a esta alma a quem atrais Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais! Disse o corvo, "Nunca mais".

Wednesday, December 06, 2006

Os deuses relacionados ao corvo

ODIN
Óðinn (Odin): figura central do panteão germânico, o rei dos deuses; os germânicos, povo dado
a luta e guerras, viam nele o protótipo da bravura, da altivez e do valor; os escandinavos dos
últimos séculos pagãos, os Vikings aventureiros, terror do ocidente cristão foram os derradeiros
a combater invocando o nome de Óðinn.

Os nomes do deus são encontrados no antigo nórdico (Old Norse) Óðinn (Saxo Grammaticus,
latinizando escreve Othinus), no germano Wotan e no primitivo germânico sob a forma de Wodanaz,
no gótico, Vôdans, no dialeto das ilhas Feroé (nas costas da Noruega), Ouvin, no antigo saxão,
Wuodan, no alto alemão, Wuotan, enquanto que entre os lombardos e na região da Vestefália
aparece Guodan ou Gudan, e na Frísia, Wêda.

Nos dialetos dos alamanos e borgundos temos a expressão Vut, usada até hoje no sentido
de ídolo. Essas denominações estão ligadas pela raiz, no antigo nórdico, às palavras vada e od,
e, no antigo alto alemão, à Watan e Wuot, que significavam a princípio “razão”, “memória” ou
“sabedoria”. Mais tarde tornaram-se equivalentes a “tempestuoso” ou “violento”, sentido que os
cristãos faziam empenho de acentuar, procurando depreciar a figura do deus pagão (o antigo
nórdico odr tem também o sentido de “violento”).

O nome “quarta-feira”, dia que era dedicado ao deus, tomou as denominações, no inglês,
wednesday (antigo saxão, wôdanes dag, anglo-saxão, vôdnes dag), no holandês, woensdag (média-
neerlandês, woensdach), no sueco e dinamarquês, onsdag (antigo nórdico, odinsdagr), e no dialeto
da Vestefália, godenstag ou gunstag.

Óðinn, ao lado do deus Loki, é a personagem de mais complexa personalidade dentro desta
mitologia, o que fez com que, embora seu nome fosse exaltado por muitos poetas permanecesse
obscuro para o camponês simples, mais identificado com Þórr (Thor) e Freyr devido a suas
características de deuses agrários.


Na Edda Poética, o maior ciclo é naturalmente o do deus supremo, compreendendo as
seguintes baladas: Baldrs Draumar (“Os Sonhos de Baldr”), Hárbarzljóð (“A Balada de Harbard”),
Vafþrúðnismál (“A Balada de Vafthrudnir”), Grímnismál (“A Balada de Grimnir”) e Hávamál
(“As Máximas de Hár”).

Óðinn se apresenta sob diversos nomes nas baladas édicas, de acordo com as exigências
da situação. Sabemos, pela Völúspa (“A Profecia da Vidente”) e Hyndluljóð (“A Balada de Hyndla”),
que ele era filho de Bur. As elevadas designações de “velho criador” e “pai dos homens”, que o
poeta anônimo lhe deu em Baldrs Draumar (“Os Sonhos de Baldr”) e no Vafþrúðnismál (“A Balada de
Vafthrudnir”), bem como a informação de que “Óðinn dera o fôlego” (Völuspá) a um casal inanimado,
não deixa dúvidas sobre uma interferência na criação da humanidade.

No Grímnismál (“Balada de Grimnir”) há o cognome de “príncipe dos homens”, na Lokassena
(“A Altercação de Loki”) de “pai das batalhas”, na Völuspá (“A Profecia da Vidente”), de “pai
dos exércitos”, e no Grípisspá (“A Profecia de Gripir”), de “pai da escolha” ou “pai dos mortos
em batalha”.

Em linguagem corrente nos países escandinavos e no norte da Alemanha, conforme
observa-se entre pessoas cultas, são usadas as expressões “zu Odin fahren” ou “hei Odin zu Gast
sein”, e “far þu til Odin” ou “Odins eigo þik”, citadas também por Jacob Grimm, para imprecações
equivalentes a “vá para o diabo”, ou “o diabo que o carregue”. É uma tendência malévola que se
explica, não só pela ação do cristianismo, mas ainda pelas atitudes violentas e sombrias que
o deus tomava, infligindo castigos inflexíveis, como o sono imposto à valkyrja, e atravessando
os ares com seu exército de maus espíritos, nas noites de tempestades.

Cabe-nos mencionar, finalmente, o aposto de “pai da magia”, constante do Baldrs
Draumar (“Os Sonhos de Baldr”), confirmado no seu próprio depoimento do Hávamál (“As Máximas
de Hár”), na parte IV, em que nos descreve seu próprio sacrifício: feriu-se com a lança e
suspendeu-se numa árvore, onde permaneceu nove dias agitado pelos ventos; está árvore é
Yggdrasill, o freixo do mundo. Tudo isso visando à iniciação na sabedoria das runas, tendo até
criado algumas delas, tornando-se senhor do “hidromel dos poetas”, licor mágico que profere
vaticínios.

Quanto ao elevado saber de Óðinn, relata-se que nem sempre foi assim, sábio e mágico poderoso;
ávido por conhecer todas as coisas, quis beber da fonte da Sabedoria, onde o freixo Yggdrasill
mergulha uma das raízes; mas Mímir, seu tio, o guardião da fonte, sábio e prudente, só lhe
concedeu o favor com a condição de que Óðinn lhe desse um de seus olhos. Ele então encontrou na
água da fonte milagrosa tanta sabedoria e poderes secretos que pôde, logo que Mímir foi morto
da guerra ente os Æsir e os Vanir, lhe conferir a faculdade de renascer pela sabedoria: sua
cabeça, embalsamada graças aos cuidados dos deuses, é capaz de responder a todas as perguntas
que lhe dirigem. Após adquirir tantos conhecimentos, procurava depois revelar em duelos de
palavras, em que aposta a vida e sai sempre ganhado. Além do mais, por várias vezes se dirige
a profetisas e visionárias, pedindo informações estranhas, dando-lhes em paga ricos presentes.

Desse modo, vemos que Óðinn, na concepção do poeta édico, é criador da humanidade,
detentor supremo do conhecimento, das fórmulas mágicas e das runas, invocado por ocasião das
batalhas, durante os naufrágios e as doenças, na defesa contra o inimigo, e afinal em qualquer
situação desesperadora. Altares se elevavam em sua honra, e sacrifícios lhe eram oferecidos.

Nas baladas da Edda, o deus supremo está em ligação com símbolos, emblemas e certos
elementos adequados às diversas circunstâncias em que aparece. Assim, no Valhöll (Valhalla), tem
o seu grande palácio onde recebe e aloja os guerreiros mais valorosos, e em outro dos seus
três palácios em Ásgarðr (Asgard), o Valaskialf, senta-se no trono Hlidskjalf, de onde é
possível enxergar o mundo inteiro e acompanhar todos os acontecimentos da vida. A seus pés,
deitam-se os dois lobos Geri e Freki, símbolos da gulodice, que o acompanham em suas caçadas e
lutas, alimentando-se dos cadáveres dos guerreiros. Nos seus ombros estão os dois corvos Munin
e Hugin, a sussurrar-lhe o que viram e ouviram por todos os cantos. Quando se encaminha a uma
batalha, o que é freqüente, usa armadura e elmo de ouro, trazendo nas mãos o escudo e a lança
Gungnir, que tem runas gravadas no cabo, montando seu famoso corcel branco, de oito patas,
chamado Sleipnir, que tem a faculdade de cavalgar no espaço, por cima das terras e águas.

Em muitas passagens, descrevem-se as andanças de Óðinn, em que se apresenta sob o
disfarce de um viandante, envolvido numa enorme capa azul ou cinza, com um chapéu de abas
largas, quebradas em cima do olho perdido, como nas baladas édicas Vafþrúðnismál (“A Balada
de Vafthrudnir”) e no Grímnismál (“A Balada de Grimnir”), e com os nomes significativos de
Gagnrad (o que determina a vitória), Grimnir (o disfarçado), além do Hávalmál
(“As Máximas de Hár”) (parte III) e nos Baldrs Draumar (“Sonhos de Baldr”), respectivamente
com os nomes Bolverg (o malfeitor), Hár (o elevado, o eminente, o sublime) e Vegtam
(o acostumado aos caminhos).

As baladas édicas nos apresentam Óðinn com inúmeras falhas de caráter, tendo ou
procurando ter aventuras amorosas, que ele próprio narra no Hávalmál (“As Máximas de Hár”)
(parte II)” e na balada Hárbarzljóð (“A Balada de Harbard”), além das relações simultâneas com
a deusa da sabedoria, que lhe deu o filho Þórr, com Rind, que lhe deu o filho Vali, e uma
giganta, que lhe deu o filho Víðar (Vidar), sem contar sua esposa, a deusa Frigg, mãe de Baldr,
Hödr, Bragr e Hermóðr. Outras ações menos dignas são o roubo da razão ao gigante Hlebard,
descrito também na balada Hárbarzljóð (“A Balada de Harbard”), e a sedução de Gunlod, Hávalmál
(“As Máximas de Hár”) (parte III) afim de conseguir furtar a bebida encantada, que desperta o
dom da poesia.

O fato de a Edda Poética não ter sido composta numa época exclusivamente pagã, explica,
suficientemente, os defeitos do deus supremo, embora estes se verifiquem com deuses superiores
de outras mitologias.


MORRIGAN

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


alegoria de Morrígan com o corvo
Ampliar
alegoria de Morrígan com o corvo

Morrígan ("Terror" ou "Rainha Fantasma"), também escrita Mórrígan ("Grande Rainha") (aka Morrígu, Mórríghean, Mór-Ríogain) é uma figura da mitologia irlandesa (céltica) que aparenta ser uma divindade, embora não seja referida como "deusa" nos textos antigos.

Representado comumente como uma figura terrível, nas glosas dos manuscritos medievais irlandeses como uma equivalente a Alecto - uma das Fúrias na mitologia grega - de fato, um dos textos refere-se a Lamia como "um monstro de formas femininas, i. e., uma Morrigan" - ou ainda como o demônio hebreu Lilith.

Associada com a guerra e a morte no campo de batalha, algumas vezes é anunciada com a visão de um corvo sobre carcaças, premonição de destruição ou mesmo com vacas. Considerada uma divindade da guerra, comparável às Valquírias da mitologia germânica, embora sua associação com o gado bovino permita também uma ligação com a fertilidade e o campo.

É com freqüência vista como uma divindade trinitária, embora as associações desta tríade variem: a mais freqüente dá-se de Morrígan com Badb e com Macha - embora algumas vezes incluem-se Nemain, Fea, Anann e outras.


0 Comments:

Post a Comment

<< Home